LUQUE CECILIA INÉS
Congresos y reuniones científicas
Título:
Esse moço é adé? Não, é inglês. Reflexões sobre o potencial queerizante de uma proposta decolonial antropofágica?.
Lugar:
San Pablo
Reunión:
Congreso; 5th Queering the Afro-Luso-Brazilian Studies International Conference / 3° Congresso Internacional Literatura e Gênero; 2019
Resumen:
O Xangô de Baker Street (romance de Jô Soares, Brasil, 1995) relata uma suposta visita de Sherlock Holmes ao Brasil em 1886, durante o final do império de Pedro II. Soares apropria-se criticamente de uma obra icônica da cultura ?universal? para questionar a matriz ilustrada e colonialista moderna que tal obra representa, segundo a qual a razão lógico-instrumental é a base do progresso das sociedades ?civilizadas?, enquanto a sensualidade, a irracionalidade e a moleza são suas inimigas. Para isso, o escritor brasileiro constrói uma ?vacina antropofágica? através de dois mecanismos discursivos contramodernos -a paródia e a transculturação- e aplica-a no personagem de Doyle para desativar nele a ?[p]este dos chamados povos cultos e cristianizados [:] conceber o espírito sem o corpo,? (Manifesto Antropófago). Mediante essas estratégias narrativas, Soares põe em dúvida os discursos que construíram as diferenças dos povos outros como a ?alteridade constitutiva? do Ocidente Moderno. Em uma primeira releitura de O Xangô de Baker Street, eu sugiro que a proposta antropofágica do romance não é só descolonizadora mas também queerizante, pois a matriz epistemológica moderna estabelece uma identidade tácita entre subjetividade e masculinidade falogocêntrica, e não se pode parodiar a primeira sem afetar a segunda. Mas, em uma segunda releitura, aponto para alguns aspectos do processo queerizador que me aparecem como teoricamente problemáticos.