Resumen:
Em A saga de Os Confins, a escritora argentina Liliana Bodoc (Santa Fé, 1958 – Mendoza, 2018) desenvolve um programa de escrita fundado na mimetização dos modos de compor poesia no acervo folclórico pré-colombiano. Assim, inaugura um deslocamento com relação ao uso de imaginários nórdico-europeus no fantasy épico. Sobre a oralitura ou a literatura coletada nas comunidades ágrafas e transcritas e inscritas nas memórias de gênero dos escribas, interagem mecanismos retóricos de dois tipos: interpretativo e notarial. Não é surpreendente que se ficcionalize sobre estes procedimentos; em parte, porque se ligam ao tratamento da psicodinâmica da oralidade e, em parte, porque também se observam em obras paradigmáticas do gênero, como O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien.